
Se você já fez essa indagação, provavelmente sabe a angústia implícita que ela carrega. Todos nós, por mais fortes que sejamos, já nos deparamos com algum ponto na estrada onde era impossível enxergar alguma coisa e então dissemos: “E agora Deus, porque eu vim parar aqui?”.
Eu gostaria que, por um instante, você imaginasse uma menininha de 10 anos presa à incerteza do amanhã dentro de uma sala opaca da UTI e sem ao menos saber o que realmente há de errado com o seu corpo. A visão que ela tem ao seu redor é limitada a diversos aparelhos e médicos entrando e saindo, então, o momento da grande pergunta chega e a menininha fala consigo mesma: “Porque, dentre tantas pessoas, EU estou aqui?”, porém nada de respostas. Mal sabe ela que está embarcando na aventura de aprender com o silêncio de Deus.
20 de abril de 2017. Para a maior parte das pessoas, uma quinta-feira como qualquer outra, mas, esta data nunca mais seria a mesma para um pai que levava sua filha nos braços às pressas para o hospital. Os sintomas: falta de ar, fraqueza, dor no peito. Johnson Lins é muito preciso em dizer detalhes sobre este dia – por mais que tenha se passado três anos – afinal, é muito difícil um pai não recordar momentos tão angustiantes. De repente, sua filhinha estava internada na UTI com um quadro muito incerto.
– Broncopneumonia, os médicos disseram. Mas, não. Uma semana se passou e o resultado dos exames revelou algo muito pior: Trombose Sistêmica no corpo. A menininha estava com trombos (coágulos) no coração, nos pulmões, na perna esquerda e no braço esquerdo. Mas quem é ela?
Camille Lins. Uma garota que passou mais de 80 dias na UTI submetida a procedimentos dolorosos.
– Pai, se for pra eu ficar no hospital sofrendo, prefiro ir morar com Deus.
Lágrimas inundaram o rosto daquele pai.
– Filha, a gente nunca pode desistir de viver, o que a gente tem que continuar fazendo é sempre acreditar na vida.
Uma garota que tão nova entrou na sala de cirurgia pra retirar os trombos do coração e desobstruir a artéria do pulmão esquerdo. “Nós vimos ela indo para a sala, mas não sabíamos se ela voltaria com vida”. A operação muito complexa deu certo, porém, dois dias depois, ela teve uma tromboembolia pulmonar (quando uma ou mais artérias pulmonares ficam bloqueadas por um coágulo sanguíneo) e precisou enfrentar o centro cirúrgico novamente e, logo em seguida, ficou 18 dias em coma. 18 dias entubada. 18 dias de mais silêncio.
“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam”. (Salmos 23.4)

Esta é a passagem Bíblica que acalentou o seu coração em todo o tempo. Quatro dias depois de ter acordado do coma, os aparelhos que auxiliavam a sua respiração foram retirados. Ao todo, Camille passou 118 dias internada no hospital e durante esse percurso seu pai reuniu forças e a ajudou a reativar sua fé. “Orar pra mim é respiração, e Palavra de Deus é libertação. Então a gente começou a fazer as duas coisas, eu comecei a conversar muito com ela sobre a importância da fé, mostrar na Palavra de Deus que era possível se recuperar desse problema e ela foi reanimando”.
Camille saiu do hospital tomando 13 medicações, mas hoje ela só toma uma como precaução (que é o anticoagulante). Por duas vezes teve o pulmão esquerdo condenado e os médicos acharam que o perderia total ou parcialmente, porém, os dois pulmões funcionam 100% até hoje. Depois de muitos exames, foi descoberto que ela sofria de uma doença rara chamada Síndrome de May-Thurner (a artéria ilíaca direita comprime a veia ilíaca esquerda contra a coluna vertebral que pode causar uma trombose venosa profunda na perna esquerda; dessa trombose pode se desprender um êmbolo que obstrua a circulação à distância; se esse êmbolo for para os pulmões, pode gerar risco sério à vida). Ela saiu com o pé esquerdo praticamente imóvel devido um ataque da trombose nesta região, tomando até morfina para passar a dor. Hoje, com a graça de Deus, ela não sente nada e anda normalmente. Isso se chama Milagre!
Voltando um pouco à pergunta do título, hoje vemos que Deus chamou a Camille (mesmo sendo tão nova) para vivenciar uma experiência íntima com Ele e ser testemunha de que o Mestre ainda realiza milagres. Deus poderia ter dito para eles logo no início que tudo ficaria bem, mas ao invés disso houve silêncio. Não porque Deus é mau e gosta de nos ver sofrer, e sim porque Ele quer nos ensinar a ter fé, a confiar mesmo sem entender e a depender completamente de Sua graça. Não posso imaginar o tanto de aprendizado que a Camille teve ao longo de todo esse tempo confinada no hospital, mas com sua história eu aprendi que nem sempre vou compreender as situações que Deus me permite passar, mas que Ele sempre tem um propósito maior do que a minha compreensão e, no final, os caminhos dEle se mostram perfeitos.

*Se você quiser saber mais detalhes dessa história, adquira através do instagram @johnson.lins.rb o livro chamado Gratidão escrito pela Camille, que tem edificado vidas e gerado testemunhos lindos.
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